terça-feira, março 29, 2005

GARRAFA NO MAR



Em julho de 1995, li na revista Terra uma reportagem que me fascinou: duas garotas americanas, de férias em uma praia da Carolina do Norte, jogaram uma garrafa no mar com bilhetes dentro.

Sete meses depois, a garrafa foi achada por um garoto francês na costa da Bretanha. Achei aquilo sensacional! Pela ação das correntes marítimas, o minúsculo objeto atravessou o Atlântico e aproximou adolescentes de dois continentes, que não falavam o mesmo idioma. Isso numa época em que se navega nas ondas da internet com incrível rapidez...

Guardei a matéria e a reli inúmeras vezes pensando em escrever uma história sobre o tema. Na verdade, o que eu queria era refletir sobre a relação das pessoas com a tecnologia.
Penso que as máquinas existem para nos ajudar a viver melhor – ou, pelo menos, deveria ser essa sua função. Mas tem muita gente que se relaciona mais facilmente com o computador do que com a família...

Como não entendo nada de correntes marítimas, fui bater à porta de um oceanógrafo da Universidade de São Paulo (dr. Belmiro Mendes de Castro Filho, a quem agradeço no livro) e lhe perguntei de que ponto da costa brasileira minha personagem poderia jogar uma garrafa.
E até onde a garrafa chegaria. Ele me recebeu superbem e me deu uma aula sobre o assunto. Fiquei sabendo que o lugar ideal para o lançamento era o Nordeste – Ceará ou Rio Grande do Norte. E os destinos poderiam ser muitos: África, Golfo do México, Caribe, Nova Zelândia.

Quando o dr. Belmiro mencionou esse país, decidi que seria lá que a garrafa de Nara chegaria.
Escolhi jogá-la em Natal, porque conheço bem a cidade. É onde mora meu amigo Vavá (Valdemar Pedreira Filho, que inspirou o professor Valdir). Quanto à Nova Zelândia, estive lá fazendo uma reportagem para a revista Claudia em 1991 e me encantei com as belezas do país. Dr. Belmiro calculou o tempo que a garrafa demoraria para fazer o percurso: três anos. Era perfeito para o efeito que eu pretendia: entre 12 e 15 anos, uma garota muda muito!
Foi uma curtição escrever Uma garrafa no mar e, mais ainda, vê-lo ilustrado por Maurício Negro, que eu não conhecia.

Aproveitando fotos e mapas que eu lhe dei, ele fez várias colagens e criou ilustrações lindas!

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Texto Brasileiro

Isabel Vieira

Fotografia Paul

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