quinta-feira, setembro 23, 2010

AGUAS ARDENTES

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«E já que de tão longe navegais,
Buscando o Indo Idaspe e terra ardente,
Piloto aqui tereis, por quem sejais
Guiados pelas ondas sàbiamente.
Também será bem feito que tenhais
Da terra algum refresco, e que o Regente
Que esta terra governa, que vos veja
E do mais necessário vos proveja.»


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 55

quarta-feira, setembro 22, 2010

ENRROLAR DA ÁGUA

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«Esta Ilha pequena, que habitamos,
É em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos,
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena Ilha – Moçambique.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 54

terça-feira, setembro 21, 2010

RUINAS

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– «Somos (um dos das Ilhas lhe tornou)
Estrangeiros na terra, Lei e nação;
Que os próprios são aqueles que criou
A Natura, sem Lei e sem Razão.
Nós temos a Lei certa que ensinou
O claro descendente de Abraão,
Que agora tem do mundo o senhorio;
A mãe Hebreia teve e o pai, Gentio.


Photo & Copyright Christian
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 53

segunda-feira, setembro 20, 2010

CALIFORNIA SUNRISE

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«E, por mandado seu, buscando andamos
A terra Oriental que o Indo rega;
Por ele o mar remoto navegamos,
Que só dos feios focas se navega.
Mas já razão parece que saibamos
(Se entre vós a verdade não se nega),
Quem sois, que terra é esta que habitais,
Ou se tendes da Índia alguns sinais?»


Photo & Copyright Chandru
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 52

domingo, setembro 19, 2010

VOLTOU

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«Do mar temos corrido e navegado
Toda a parte do Antártico e Calisto,
Toda a costa Africana rodeado;
Diversos céus e terras temos visto;
Dum Rei potente somos, tão amado,
Tão querido de todos e benquisto,
Que não no largo mar, com leda fronte,
Mas no lago entraremos de Aqueronte.


Photo & Copyright Charlie
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 51

sábado, setembro 18, 2010

DIA DE PESCA

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Comendo alegremente, perguntavam,
Pela Arábica língua, donde vinham,
Quem eram, de que terra, que buscavam,
Ou que partes do mar corrido tinham?
Os fortes Lusitanos lhe tornavam
As discretas repostas que convinham:
– «Os Portugueses somos do Ocidente,
Imos buscando as terras do Oriente.


Photo & Copyright Chuck
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 50

sexta-feira, setembro 17, 2010

TÁ NA BOLINA

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Não eram ancorados, quando a gente
Estranha polas cordas já subia.
No gesto ledos vêm, e humanamente
O Capitão sublime os recebia.
As mesas manda pôr em continente;
Do licor que Lieu prantado havia
Enchem vasos de vidro; e do que deitam
Os de Fáeton queimados nada enjeitam.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 49

quinta-feira, setembro 16, 2010

JARDIM DA TARDE

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Cos panos e cos braços acenavam
Às gentes Lusitanas, que esperassem;
Mas já as proas ligeiras se inclinavam,
Pera que junto às Ilhas amainassem.
A gente e marinheiros trabalhavam
Como se aqui os trabalhos s' acabassem:
Tomam velas, amaina-se a verga alta,
Da âncora o mar ferido em cima salta.


Photo & Copyright Chandru
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 48

quarta-feira, setembro 15, 2010

PRAIA DO DESCANSO

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De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados;
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados;
Das cintas pêra cima vêm despidos;
Por armas têm adagas e tarçados;
Com toucas na cabeça; e, navegando,
Anafis sonorosos vão tocando.

Photo & Copyright Chris
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 47

terça-feira, setembro 14, 2010

AMARELO DA TARDE

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As embarcações eram na maneira
Mui veloces, estreitas e compridas;
As velas com que vêm eram de esteira,
Dũas folhas de palma, bem tecidas;
A gente da cor era verdadeira
Que Fáëton, nas terras acendidas,
Ao mundo deu, de ousado e não prudente
(O Pado o sabe e Lampetusa o sente).

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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 46

segunda-feira, setembro 13, 2010

PRAIA DO PARAISO AZUL

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Eis aparecem logo em companhia
Uns pequenos batéis, que vêm daquela
Que mais chegada à terra parecia,
Cortando o longo mar com larga vela.
A gente se alvoroça e, de alegria,
Não sabe mais que olhar a causa dela.
– «Que gente será esta? » (em si diziam)
«Que costumes, que Lei, que Rei teriam?»



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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 45

domingo, setembro 12, 2010

PRAIA DA AUSTRALIA

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Vasco da Gama, o forte Capitão,
Que a tamanhas empresas se oferece,
De soberbo e de altivo coração,
A quem Fortuna sempre favorece,
Pêra se aqui deter não vê razão,
Que inabitada a terra lhe parece.
Por diante passar determinava,
Mas não lhe sucedeu como cuidava.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 44

sábado, setembro 11, 2010

O INFINITO EM AZUL

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Tão brandamente os ventos os levavam
Como quem o Céu tinha por amigo;
Sereno o ar e os tempos se mostravam,
Sem nuvens, sem receio de perigo.
O promontório Prasso já passavam
Na costa de Etiópia, nome antigo,
Quando o mar, descobrindo, lhe mostrava
Novas ilhas, que em torno cerca e lava.


Photo & Copyright Brent
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 43

sexta-feira, setembro 10, 2010

HORIZONTAL VISUAL NO FINAL DE TARDE

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Enquanto isto se passa na fermosa
Casa etérea do Olimpo omnipotente,
Cortava o mar a gente belicosa
Já lá da banda do Austro e do Oriente,
Entre a costa Etiópica e a famosa
Ilha de São Lourenço; e o Sol ardente
Queimava então os Deuses que Tifeu
Co temor grande em pexes converteu.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 42

quinta-feira, setembro 09, 2010

SOMBRA SECA

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Como isto disse, o Padre poderoso,
A cabeça inclinando, consentiu
No que disse Mavorte valeroso
E néctar sobre todos esparziu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
Logo cada um dos Deuses se partiu,
Fazendo seus reais acatamentos,
Pera os determinados apousentos.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 41

quarta-feira, setembro 08, 2010

PRAIA NO EGIPTO

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E disse assi: – «Ó Padre, a cujo império
Tudo aquilo obedece que criaste:
Se esta gente que busca outro Hemisfério,
Cuja valia e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
Não ouças mais, pois és juiz direito,
Razões de quem parece que é suspeito.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 38

terça-feira, setembro 07, 2010

PESCA AO FINAL DO DIA

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«E tu, Padre de grande fortaleza,
Da determinação que tens tomada
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
Ao vento leve e à seta bem talhada,
Lhe vá mostrar a terra onde se informe
Da Índia, e onde a gente se reforme.»


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 40

segunda-feira, setembro 06, 2010

A PAISAGEM DO DESCANSO

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«Que, se aqui a razão se não mostrasse
Vencida do temor demasiado,
Bem fora que aqui Baco os sustentasse,
Pois que de Luso vêm, seu tão privado;
Mas esta tenção sua agora passe,
Porque enfim vem de estâmago danado;
Que nunca tirará alheia enveja
O bem que outrem merece e o Céu deseja.


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 39

domingo, setembro 05, 2010

MALIBU

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A viseira do elmo de diamante
Alevantando um pouco, mui seguro,
Por dar seu parecer se pôs diante
De Júpiter, armado, forte e duro;
E dando ũa pancada penetrante
Co conto do bastão no sólio puro,
O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado;


Photo & Copyright Chandru
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 37

sábado, setembro 04, 2010

ÁGUAS TROPICAIS

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Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De antre os Deuses em pé se levantava:
Merencório no gesto parecia;
O forte escudo, ao colo pendurado,
Deitando pera trás, medonho e irado;


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Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 36

sexta-feira, setembro 03, 2010

FINAL DO DIA NAS ILHAS SAMOA

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Qual Austro fero ou Bóreas na espessura
De silvestre arvoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da mata escura
Com impeto e braveza desmedida,
Brama toda montanha, o som murmura,
Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida:
Tal andava o tumulto, levantado
Entre os Deuses, no Olimpo consagrado.


Photo & Copyright Bradd
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 35

quinta-feira, setembro 02, 2010

ÁGUAS DO HAWAI

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Estas causas moviam Citereia,
E mais, porque das Parcas claro entende
Que há-de ser celebrada a clara Deia
Onde a gente belígera se estende.
Assi que, um, pela infâmia que arreceia,
E o outro, pelas honras que pretende,
Debatem, e na perfia permanecem;
A qualquer seus amigos favorecem.


Photo & Copyright Benjamin
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 34

quarta-feira, setembro 01, 2010

ARCA DE NOÉ

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Sustentava contra ele Vénus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana
Por quantas qualidades via nela
Da antiga, tão amada, sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.


Photo & Copyright Gravura da Biblia de Nuremberga 1570
Poema Luis de Camoes, Os Lusiadas, Canto I, 33